[Simulado] Língua Portuguesa para Concurso de Professores

 

 INSTRUÇÃO: Leia o texto I a seguir para responder às questões de 1 a 8.

TEXTO I

Por que uso de antibióticos na agropecuária preocupa médicos e cientistas

Há quatro anos, em uma fazenda de criação intensiva em Xangai, na China, um exame feito em um porco prestes a ser abatido encontrou uma bactéria resistente ao antibiótico colistina. O achado acendeu um alerta que ecoou pelo mundo – cada vez mais temeroso com a capacidade que micro-organismos têm demonstrado em driblar tratamentos à base de antibióticos.

A bactéria resistente encontrada no suíno, uma Escherichia coli, levou os cientistas da China a aprofundar os exames – agora, também em frangos de fazendas de quatro províncias chinesas, nas carnes cruas desses animais à venda em mercados de Guangzhou, e em amostras de pessoas hospitalizadas com infecções nas províncias de Guangdong e Zhejiang.

Eles encontraram uma “alta prevalência” do Escherichia coli com o gene MCR-1, que dá às bactérias uma alta resistência à colistina e tem potencial de se alastrar para outras bactérias, como a Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa. O MCR-1 foi encontrado em 166 de 804 animais analisados, e em 78 de 523 amostras de carne crua.

Já nos humanos, a incidência foi menor, mas se mostrou presente em 16 amostras de 1.322 pacientes hospitalizados. “Por causa da proporção relativamente baixa de amostras positivas coletadas em humanos na comparação com animais, é provável que a resistência à colistina mediada pelo MCR-1 tenha se originado em animais e posteriormente se alastrado para os humanos”, explicou em 2015 Jianzhong Shen, da Universidade de Agricultura em Pequim, um dos autores do estudo, cujos resultados foram publicados no periódico The Lancet Infectious Diseases.

Mas como esse material genético resistente pode ter passado dos animais para os humanos? O caminho de “transmissão” de microrganismos (bactérias, parasitas, fungos, etc.) resistentes é uma incógnita não só para o caso dos porcos, frangos e pacientes na China, mas para o uso veterinário e médico de antibióticos como um todo.

Pode ser que esses microrganismos ou resquícios de antibióticos (restos dos medicamentos que, em contato com os micróbios, podem estimular sua resistência) possam estar se alastrando pelos alimentos, ou ainda através do lixo hospitalar, lençóis freáticos, rios e canais de esgoto – e a investigação para desvendar as rotas de bactérias tem motivado inúmeras pesquisas no Brasil e no mundo.

“As bactérias não têm fronteiras: a resistência pode passar de um lugar a outro sem passaporte e de várias formas”, explica Flávia Rossi, doutora em patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Grupo Consultivo da OMS para a Vigilância Integrada da Resistência Antimicrobiana (WHO-Agisar). “Com a globalização, não só o transporte de pessoas é rápido, como os alimentos da China chegam ao Brasil e vice-versa. Essa cadeia mimetiza o que acontece com o clima: estamos todos interligados.

Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem trabalhando com o enfoque de ‘One Health’ (‘Saúde única’ em português, a perspectiva de que a saúde das pessoas, dos animais e o ambiente estão conectados).” Agora, a dimensão global do problema ganhou um mapeamento inédito juntando pesquisas já feitas medindo a presença de microrganismos resistentes em alimentos de origem animal em países de baixa e média renda – e o Brasil aparece no grupo de lugares com situação preocupante. Não quer dizer que o estudo considere o país como um todo, mas pontos que já foram submetidos a pesquisas, como abatedouros de bois em cidades gaúchas ou em uma fazenda produtora de leite e queijo em Goiás.

ALVIM, Mariana. BBC News. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-50119820>. Acesso em: 16 nov. 2019.

QUESTÃO 1

Considere as afirmativas a seguir.

I. O maior risco de proliferação de microrganismos super-resistentes está na China, onde foram descobertas as primeiras amostras desses agentes biológicos.

II. A chance de uma rápida proliferação de superbactérias pelo mundo se deve ao fato de que, atualmente, os países estão mais conectados em função da globalização.

III. Descobriu-se que há casos de ocorrência de superbactérias no Brasil e em outros países do mundo devido a testes efetuados nesses países.

Estão corretas as afirmativas

A) I e II, apenas.

B) I e III, apenas.

C) II e III, apenas.

D) I, II e III.

QUESTÃO 2

São características do gênero textual desse texto, exceto:

A) Argumentação fundamentada.

B) Informatividade.

C) Predominância narrativa e / ou descritiva.

D) Imparcialidade.

QUESTÃO 3

Em relação ao texto, assinale a alternativa incorreta.

A) Muitos países têm se empenhado na descoberta do caminho percorrido pelas superbactérias até chegarem ao homem.

B) As conclusões a que chegaram os cientistas sobre a infecção de superbactérias em animais ainda permanecem incertas.

C) O gene MCR-1 confere a diversos tipos de bactérias uma resistência acima do normal a antibióticos do tipo colistina.

D) A diferença entre os casos de infecção em animais e em homens permite aos cientistas afirmar que homens foram contaminados pelos animais.

QUESTÃO 4

Releia este trecho.

“O achado acendeu um alerta que ecoou pelo mundo – cada vez mais temeroso com a capacidade que micro-organismos têm demonstrado em driblar tratamentos à base de antibióticos.”

A figura de linguagem que confere características humanas a objetos ou animais, como ocorre nesse trecho, é chamada de

A) metáfora.

B) prosopopeia.

C) sinestesia.

D) metonímia.

QUESTÃO 5

Releia este trecho.

“[...] que dá às bactérias uma alta resistência [...]”. Em relação ao acento indicativo de crase nesse trecho, considere as afirmativas a seguir e a relação proposta entre elas.

I. O acento é regido pelo verbo “dar”,

PORQUE

II. esse verbo, no trecho, é transitivo indireto.

Em relação a essas afirmativas e a relação proposta entre elas, assinale a alternativa correta.

A) Ambas as afirmativas estão corretas, e a II justifica a I.

B) Ambas as afirmativas estão corretas, mas a II não justifica a I.

C) A I é uma afirmativa verdadeira, e a II é falsa.

D) A II é uma afirmativa verdadeira, mas a I é falsa.

QUESTÃO 6

São recursos linguísticos presentes no texto, exceto:

A) Pergunta retórica.

B) Argumento de autoridade.

C) Linguagem formal.

D) Ironia.

QUESTÃO 7

Assinale a alternativa em que a ideia registrada entre parênteses não está presente no respectivo trecho.

A) “[..] não só para o caso dos porcos, frangos e pacientes na China, mas para o uso veterinário e médico de antibióticos como um todo.” (ADIÇÃO)

B) “O MCR-1 foi encontrado em 166 de 804 animais analisados, e em 78 de 523 amostras de carne crua.” (CONCLUSÃO)

C) “Agora, a dimensão global do problema ganhou um mapeamento inédito juntando pesquisas já feitas medindo a presença de microrganismos resistentes em alimentos de origem animal em países de baixa e média renda [...]” (TEMPO)

D) “Não quer dizer que o estudo considere o país como um todo, mas pontos que já foram submetidos a pesquisas [...]” (RETIFICAÇÃO)

 

INSTRUÇÃO: Leia o texto II a seguir para responder às questões de 8 a 10.

TEXTO II

“Causou-me certa irritação ler um folheto, no consultório o meu médico, alertando sobre o perigo de parar de tomar comprimidos de antibiótico antes do tempo prescrito. Não há nada de errado no aviso em si, mas a justificativa apresentada preocupou-me. O folheto explica que as bactérias são ‘espertas’ e ‘aprendem’ a lidar com antibióticos. Presumivelmente os autores acharam que o fenômeno da resistência aos antibióticos seria mais fácil de entender se eles o chamassem de aprendizado em vez de seleção natural. Mas falar em esperteza e aprendizado para bactérias é confundir o público, e sobretudo não ajuda o paciente a compreender por que ele deve seguir a instrução de continuar tomando comprimidos até o fim. […] Se entre as bactérias houver variação genética que as torne mais suscetíveis ao antibiótico do que outras, uma dose intermediária será sob medida para uma seleção benéfica aos genes que favorecem a resistência.”

Disponível em: <encurtador.com.br/dCKMP >. Acesso em: 16 nov. 2019 [Fragmento adaptado].

QUESTÃO 8

O autor desse texto defende a ideia que

A) o texto do folheto deve ser escrito de forma mais coloquial para compreensão de seus leitores.

B) a colocação de termos científicos pode ajudar na compreensão dos leitores e sensibilizá-los em relação ao assunto.

C) o uso de metáforas, como as utilizadas no trecho, prejudica a compreensão dos usuários das informações do folheto.

D) a explicação do que ocorre, do ponto de vista científico, pode ajudar na compreensão, por parte dos leitores, do problema.

QUESTÃO 9

Releia este trecho.

“Mas falar em esperteza e aprendizado para bactérias é confundir o público, e sobretudo não ajuda o paciente a compreender por que ele deve seguir a instrução de continuar tomando comprimidos até o fim.”

Considere as afirmativas a seguir a respeito do termo destacado.

I.     Trata-se, nesse contexto, de um advérbio, que por definição gramatical é invariável.

II.    Pode ser, em alguns contextos, um substantivo, ou grafado separadamente (sobre tudo), em outros.

III.   Pode ser substituído pela palavra “mormente”, sem alteração do sentido da frase.

Estão corretas as afirmativas

A) I e II, apenas.

B) I e III, apenas.

C) II e III, apenas.

D) I, II e III.

QUESTÃO 10

Os verbos destacados a seguir estão corretamente classificados quanto à sua transitividade nos parênteses, exceto:

A) “Causou-me certa irritação ler um folheto [...]” (BITRANSITIVO)

B) “[...] genes que favorecem a resistência.” (TRANSITIVO DIRETO)

C) “[...] a justificativa apresentada preocupou-me.” (TRANSITIVO INDIRETO).

D) “[...] alertando sobre o perigo de parar de tomar comprimidos [...]” (TRANSITIVO INDIRETO)

 

INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para responder às questões que a ele se referem.

A presença que as crianças podem nos ensinar

Em tempos de mindfulness, de meditação e de reaprender a respirar, quero trazer uma reflexão. Se você é pai e mãe, ou cuida de crianças pequenas, já deve ter percebido que elas vêm com uma aptidão “de fábrica”: o estar. A criança pequenina ainda não tem muita noção de temporalidade, não entende passado e futuro, não se perde nas próprias preocupações e devaneios sobre o que aconteceu e o que virá a acontecer, então apenas é. Para ela, só existe o presente.

O tamanho desse aprendizado só pode ser medido pelo tamanho da nossa vontade em olhar para as crianças como pequenos grandes mestres que são. Aprendemos a internalizar crenças muito duras sobre as crianças. A começar que são “folhas em branco”, basicamente inferiores aos adultos porque não têm a mesma experiência de vida e conhecimento do mundo que nós temos. Mas, se esqueceram de nos contar que eles são peritos no mundo interno: na presença atenta e consciente, no perdão, no não julgamento, na entrega, na leveza. Basicamente tudo que queremos e precisamos – urgentemente – reaprender, as crianças já sabem.

No caminho até a escola, a criança vai reparar na abelha voando sobre a flor, no rabisco na parede, no ônibus que vem lá longe. Vai respirar no presente e estar atenta a ele, tirando toda alegria que pode de cada momento. Se perdemos a cabeça e gritamos, eles nos perdoam sem pestanejar, sem nos julgar, sem guardar rancor. Quando estamos cabisbaixos, eles não racionalizam o que aconteceu, apenas nos presenteiam com um sorriso. Quem de nós pode dizer que consegue agir assim?

Mas, a grande verdade é que desaprendemos a sentir leveza, a nos conectar com o simples, desaprendemos a estar nesse mesmo momento em que as crianças vivem e insistem em nos apresentar, e nós insistimos em resistir: o agora. Quando nosso mundo interno está cheio, barulhento, nublado, não conseguimos ver através dele todas as maravilhas que existem em cada segundo. A ideia não é querer calar essas vozes, é simplesmente começar a percebê-las. Começa por aí o reaprendizado: por apenas perceber.

Enquanto os ensinamos as regras sociais, enquanto os orientamos para o caminho das boas escolhas, eles nos ensinam a voltar para o básico: para dentro de nós. Você está disposto a reaprender?

Disponível em: https://vidasimples.co/colunistas/a-presenca-que-as-criancas-podem-nos-ensinar/. Acesso em 15 fev. 2020.

QUESTÃO 11

De acordo com o texto, devemos

A) fugir do nosso mundo interior.

B) reaprender o valor do agora.

C) preocupar-nos com o futuro.

D) aprender com o passado.

E) calar nossas vozes internas.

QUESTÃO 12

Ao contrário dos adultos, as crianças

A) preocupam-se com o passado.

B) preocupam-se com o futuro.

C) têm noção de temporalidade.

D) são muito mais racionais.

E) vivem o momento presente.

QUESTÃO 13

Assinale a alternativa que extrapola as ideias defendidas no texto.

A) Os adultos de hoje, quando crianças, não tinham a mesma leveza das crianças de hoje.

B) Os adultos de hoje devem reaprender com as crianças a perceber aquilo que é simples.

C) Os adultos de hoje resistem a se conectar com o presente e a desfrutar desse tempo.

D) Os adultos de hoje devem aprender com as crianças a não guardar ressentimentos.

E) Os adultos de hoje devem reaprender a perceber e a valorizar o seu mundo interior.

QUESTÃO 14

De acordo com o texto, na relação adulto e criança:

A) o adulto é o mestre.

B) a criança é o mestre

C) o adulto é o aprendiz.

D) a criança é o aprendiz.

E) ambos são mestres.

QUESTÃO 15

Considere o trecho: “Aprendemos a internalizar crenças muito duras sobre as crianças. A começar que são ‘folhas em branco’ [...]” 

Tendo em vista a expressão “folhas em branco”, é CORRETO afirmar que, segundo o texto, os adultos consideram que as crianças

A) não têm conhecimento algum.

B) têm pouca noção de tempo.

C) têm mais leveza que os adultos.

D) perdoam com mais facilidade.

E) não julgam as pessoas.

QUESTÃO 16

Entre os recursos de expressão usados no texto, verifica-se o predomínio de

A) linguagem figurada, com a presença de metáforas.

B) estrangeirismo, com o uso de palavras de outros idiomas.

C) intertextualidade, com o uso de citações diretas e indiretas.

D) subjetividade, com verbos e pronomes em 1.ª pessoa.

E) interrogação, com o uso de frases interrogativas.

QUESTÃO 17

No trecho “Se você é pai e mãe, ou cuida de crianças pequenas, já deve ter percebido que elas vêm com uma aptidão ‘de fábrica’: o estar.” 

O uso das aspas no termo “de fábrica” marca a presença de

A) linguagem figurada.

B) ironia.

C) citação direta.

D) estrangeirismo.

E) arcaísmo.

QUESTÃO 18

Sobre os usos das vírgulas no trecho “Quando nosso mundo interno está cheio, barulhento, nublado, não conseguimos ver através dele todas as maravilhas que existem em cada segundo.”, é CORRETO afirmar que

A) todas as vírgulas usadas são facultativas.

B) todas as vírgulas usadas são obrigatórias.

C) a vírgula depois de “nublado” é facultativa.

D) a vírgula depois de “cheio” é facultativa.

E) a vírgula depois de “barulhento é facultativa.

QUESTÃO 19

Considere o trecho: “Se perdemos a cabeça e gritamos, eles nos perdoam sem pestanejar, sem nos julgar, sem guardar rancor.” 

A conjunção “Se”, que introduz o trecho, insere nele uma ideia de

A) causa.

B) consequência.

C) condição.

D) concessão.

E) tempo.

QUESTÃO 20

Se no trecho “Quem de nós pode dizer que consegue agir assim?” o pronome “Quem” for substituído pelo pronome “Quais”, é CORRETO afirmar que os verbos ‘pode’ e ‘consegue’ desse trecho

A) deverão ser conjugados na 3.ª pessoa do plural.

B) poderão continuar na 3.ª pessoa do singular.

C) poderão ser conjugados na 3.ª pessoa do plural.

D) deverão concordar com o pronome ‘quais’.

E) deverão concordar com o pronome “nós”.

 


















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